ATOS 16
O melhor caminho para que o cristão alcance um patamar
elevado de intimidade e santidade com Deus é entendendo a real necessidade que
devemos ter da dependência dEle.
A todo o momento na Bíblia vemos Deus buscando demonstrar ao
homem que ele necessita da ajuda de Deus e de sua orientação durante toda a sua
vida.
Quando lemos em Mateus 18.3 as seguintes palavras: “e
disse: em verdade vos digo que se não vos converterdes e não vos fizerdes como
crianças de modo algum entrareis no reino de Deus”, é uma forma de
dizer que necessitamos de depender de Cristo como uma criança que nada sabe da
vida e que necessita de seus pais para lhe ensinar tudo que precisa saber e
para indicar que caminho tomar em sua vida.
Um texto que nos ensina uma lição interessante sobre dependência
é Atos, capítulo 16. Texto escolhido para embasar minhas palavras.
Quando pensamos em Atos 16 nos vem de imediato na mente o
versículo 31, que por sinal é belíssimo, onde Paulo diz ao carcereiro a famosa
frase: “Crê no Senhor Jesus e serás salvo tu e tua casa”. Não tiraremos o
mérito dessas palavras jamais, porém, já paramos para pensar se essas palavras
existiriam se Paulo não fosse alguém totalmente dependente da vontade de Deus?
Como sabemos disso? Como podemos verificar isso analisando
esse texto? Basta fazer o que poucos pregadores fazem: analisar todo o capítulo
e não apenas os versículos do 16 ao 31. E é isso o que faremos agora.
Mas antes vamos entender o porque de Deus usar Paulo de
forma tão grandiosa.
Alguns capítulos atrás, mais especificamente o capítulo 9
Jesus ganha um novo seguidor: Paulo. Ele ao se converter ao cristianismo
tornando-se cristão como foram chamados na Antioquia, no capítulo 11 de Atos
durante o tempo de um ano que passaram entre os crentes de lá, não parou de
buscar pregar o Jesus que antes perseguia. Logo após foi a Chipre enviado pelo
próprio Espírito Santo que os separou para a obra, onde o pro-cônsul Sérgio
Paulo foi tocado pelo poder de Deus.
Mas alguns versículos nesse texto do capítulo 13 começa a
explicar o porque do ministério de Paulo ser tão abençoado. Os versículos 2 e 4
dizem que ele e barnabé foram ESCOLHIDOS e ENVIADOS pelo ESPÍRITO SANTO.
Um ponto interessante que devemos lembrar em nossa vida é
que fomos escolhidos e enviados pelo próprio Jesus para realizar a obra como
está escrito em JOÃO 15.16 e MATEUS 16.15, porém mesmo assim, sabendo da
escolha e do envio de Cristo para nossas vidas ainda tentamos guiar nossa vida
seguindo nosso próprio entendimento.
O versículo 52 também traz uma característica interessante.
O versículo diz que Paulo e Barnabé eram CHEIOS DO ESPÍRITO SANTO.
Essa colocação já resume de forma plena o motivo pelo qual
ele e tantos outros jamais pensaram em desistir da sua caminhada ou de seguir
seu próprio entendimento e é nesse ponto que chegamos ao capítulo 16.
No capítulo 16 Paulo se encontrava em Listra e Derbe onde
encontrou Timóteo e saiu por alguns locais entregando as decisões dos apóstolos
para que fosse do conhecimento dos irmãos. Paulo certamente tinha em sua mente
o quanto a pregação do evangelho conseguia alcançar e salvar vidas para o reino
de Deus.
Certamente Passou pela cabeça dele o quanto Deus o usara
tremendamente para este propósito, e, em determinado momento a dupla formada
por Paulo e Silas decidem atravessar a região frígio-gálata, que compreendia o
centro ocidental da Ásia, visto que antes se encontravam em Listra e Derbe que
se localizavam no sul da Galácia. Ou seja, cobririam uma grande área da Ásia
evangelizando grandes cidades como Ancira, Pesinonte e Távio, mas o espírito
santo os impediu.
Logo após decidem ir para Mísia e de lá se dirigir para a
Bitínia, mas outra vez o espírito de Deus não permitiu. Então partiram para
Trôade.
Mas se Paulo e Silas estavam cheios do Espírito santo e
faziam sinais e maravilhas no nome de Jesus, porque suas decisões em relação
aos locais a serem evangelizados não correspondiam a vontade de Deus?
Possivelmente Deus queria mostrar que por maiores que fossem
os sinais, o grupo teria que entender quem estava no controle e quem estava na
dependência.
Deus não dependia puramente de Paulo para a pregação da Palavra, podendo levantar alguém assim como levantou a ele, mas Paulo era quem dependia inteiramente de ser guiado.
Se observarmos bem, nesse momento o evangelho não é pregado em Trôade. Mas então porque Deus os direcionou para lá?
A resposta vem logo no versículo 9, onde Paulo tem uma visão de um homem macedônico que lhe rogava ajuda.
Talvez nesse momento Paulo tenha entendido completamente qual era a vontade de Deus e porque ELE os levara até Trôade.
Trôade era uma cidade litorânea e portuária que ligava as pessoas até a Macedônia. Deus os levara até lá para que eles entendessem que por maior que fosse o desejo de pregar a palavra para multidões, Deus tinha planos mais simples: A vida de algumas pessoas apenas.
Ao seguir o plano e a dependência de Deus Paulo acaba alcançando pessoas que ele nem imaginava e de forma simples como Lídia, a vendedora de púrpura, de Tiatira, que estava ouvindo a beira do rio as palavras de Paulo e se converteu juntamente com toda a sua família e foram batizados.
A partir do versículo 16 a fé de ambos e sua dependência começa a ser testados ao ser confrontados por uma jovem que tinha um espírito adivinhador e que colocara cara a cara seu orgulho e sua dependência, porém mais uma vez, a dependência de Cristo e a presença do Espírito Santo se mostrou maior que o orgulho pessoal de Paulo, que resistiu aos falsos elogios da jovem possessa e libertou mais uma alma do poderio de satanás.
Porém, essa atitude teve consequências graves para eles que foram açoitados e lançados na prisão.
Na prisão, Paulo e Silas não podem depender de seu próprio entendimento ou forças. ou seja, estavam totalmente entregues nas mãos de Deus. E, nesse momento vemos o maior exemplo dessa dependência. ao se verem em uma situação cujo fim estava longe de seu controle. Nesse momento, ambos se colocam a orar e cantar louvores a Deus, quando quaisquer outros estariam calados, tristes, chorando, murmurando ou até mesmo blasfemando contra Deus por colocá-los em tamanha situação.
E Deus os honrou concedendo-lhes a liberdade de forma extraordinária, abalando as estruturas da prisão e abrindo suas algemas, porém sem esquecer de completar a obra que tinha mostrado a Paulo em visão: ajudar o homem macedônico. Sim, o carcereiro era esse homem.
Foi necessário mudar os planos de Paulo, leva-lo a sair da Ásia e ir até a Macedônia, na Europa para poder salvar a vida daquele homem e de sua família como vemos nos versículos 31 ao 34.
Paulo não questionou a vontade de Deus ou em algum momento pensou que era melhor fazer o que ele tinha planejado, mas simplesmente obedeceu como alguém que entendia que dependia de Cristo para que as palavras que saíssem de sua boca tivessem algum poder.
Se nos colocarmos na dependência de Deus como fez Paulo, não importa se os planos de Deus fazem algum sentido para nós ou não, saiba que ELE fará maravilhas e nós demonstraremos ao mundo e sentiremos dentro de nós a maravilha que é servir a Deus e seguir o seu caminho.
Que Deus nos abençoe hoje e sempre!