“Respondeu ele: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do senhor, como disse o profeta Isaías.”
Em meio a muitos outros textos que poderiam ser citados como base para se ter a certeza de seu chamado, este particularmente me chama a atenção.
João batista era uma figura polêmica. Ele vivia no deserto se alimentando de mel silvestre e de gafanhotos, uma espécie de vagem de alfarroba. Se vivesse em nosso tempo seria considerado alguém que não tinha papas na língua. Porém, ele não falava coisas sem sentido ou frases para impressionar seus ouvintes, mas sim aquilo que Deus preparara para seu povo ouvir e é por isso que vamos pensar um pouco sobre ele para entendermos realmente se temos a certeza do nosso chamado.
João tinha certeza de seu chamado. Como podemos saber disso? Simples. Basta estudar sua vida e suas palavras.
João batista enfrentou a hipocrisia de seus contemporâneos e a raiva de alguns apenas para que eles ouvissem a real situação que viviam. Desde o seu nascimento, anunciado em Lucas 1, vemos que ele foi alguém ungido para uma obra, e não qualquer obra, mas como o próprio define em João1.23, ele veio para endireitar o caminho do Senhor.
Qualquer pessoa sabe como está a situação ao seu redor e João não era diferente neste ponto. Ele sabia da hipocrisia, da falta de pudor, de respeito pelo Senhor, de temor por Deus. Certamente podemos imaginar João em sua casa conversando com Isabel e dizendo a seu pai Zacarias, que era sacerdote, que não agüentava mais ver as pessoas tendo uma vida de pecados e depois levando sacrifícios ao Senhor por expiação por tais como se nada houvesse acontecido. Talvez um dia João simplesmente se cansou de tudo isso e acreditando que não era aquilo que o Senhor desejara de seu povo resolveu sair da cidade e ir para o deserto para que não pudesse mais ver tantas mentiras e falsidades. E alguém buscando saber notícias suas ou passando pelo deserto na direção de alguma cidade o encontrou e enquanto parava pra descansar da viagem tenha tido minutos de conversa com ele e depois de chegar à cidade, comentou com mais algumas pessoas que havia encontrado um homem no deserto que falou coisas que havia tocado seu coração e feito repensar sua vida, e assim, talvez tenha começado a peregrinação de pessoas até João para ouvi-lo, dando-lhe a certeza de que estava fazendo aquilo que era certo.
Temo-lo como alguém de palavras firmes, sem medo. E esse jeito de pregar a palavra do Senhor deve-se ao fato dele acreditar fielmente naquilo que pregava e que Deus estava com ele.
Vamos pensar juntos em alguns pontos da vida de João que podem nos levar também a ter o mesmo pensamento de nosso chamado.
João era alguém que estava no meio do povo, mas não se sentia igual aos outros. Ele não se identificava com as práticas de seus contemporâneos, ao contrário, o enojava cada ação feita por obrigação e não por amor para Deus. Suas ações me lembram o que Jesus diz em Mateus 5.13: “Vós sois o sal da terra...”. Se nós somos pessoas que mesmo estando no meio de um povo, não nos sentimos confortáveis com a situação de pecado na qual vivem, então creio que há um pouco de João Batista dentro de nós.
Outro fator importante em João era o fato de não temer o que os homens poderiam fazer a ele. Ele não temia expor os podres dos poderosos ou o que estes poderiam fazer a sua vida. Ele sabia que sua missão era mais importante que sua vida. O que ele pregava como disse o anjo a Zacarias seu pai, mudaria a vida de muitas pessoas e faria com que muitos se convertessem ao Senhor e isso era suficiente para dar forças ao seu ministério.
Sabemos como termina a vida de João batista. Sua cabeça é cortada e servida em uma bandeja apenas pára satisfazer os desejos de vingança da mulher do Rei Herodes. Porém, mesmo encarcerado, antes de sua morte, não vemos nenhuma menção de arrependimento dele pelo que pregara enquanto estava no deserto, ao contrário, ele sempre se mostrou fiel ao seu chamado. Essa certeza é constatada de forma clara no texto de João 1.23. Ele responde aos homens que o perguntaram quem ele era, dizendo: “Eu sou a voz do que clama no deserto...”. Ele não diz que acha que é ou pensa que é, ou mesmo que talvez fosse. João afirma que É aquele que endireitará o caminho para o Senhor.
Saibamos nós também ter a certeza do chamado de Deus. Que possamos ser inconformado com a injustiça como era João batista, que possamos ter a certeza que nossas palavras são confirmadas por Deus e que nossa vida só é preciosa quando serve a um propósito maior independente do desfecho que ela tome.
Que Deus os abençoe!
Marcos Ohara
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